A Verdade Sobre Gonzalo

Por Thiago “Bahia” — G.E.V.P.

Thiago
10 min readJan 7, 2024

“A Guerra Popular começa a varrer a velha ordem para destruí-la inevitavelmente. Do velho nascerá o novo. E finalmente, como uma Fênix, o comunismo surgirá para sempre. Devemos desabafar de otimismo e transbordar de entusiasmo, pensando ainda que servimos para realizar uma tarefa que durará para sempre. Nós, humanos, somos meros fragmentos de tempo e de batimentos cardíacos, mas os nossos feitos permanecerão durante séculos marcados geração após geração. Os homens marcham inevitavelmente para o seu fim, mas a humanidade, a classe trabalhadora e as suas criações nunca terão fim.” — Presidente Gonzalo

O Partido Comunista do Peru, muitas vezes chamado de Sendero Luminoso, é um dos grupos revolucionários mais importantes do século passado. Ao lançarem sua Guerra Popular em 1980, em um período onde o movimento comunista internacional estava em colapso devido ao revisionismo e dogmatismo, reacenderem uma chama revolucionária em todo o planeta e tornaram-se um modelo para grupos de todo o mundo que até hoje travam a luta revolucionária em seus países.

Porém, até entre círculos ditos ‘comunistas’, ataques traiçoeiros e mentiras são usados contra a chefatura da Revolução Peruana, Abimael Gúzman — conhecido como Presidente Gonzalo. Assim como o imperialismo, a reação e o revisionismo lançou duros golpes e espalhou diversas farsas acerca das figuras de Marx, Engels, Lenin, Stalin e Mao, o mesmo ocorreu diante da figura do revolucionário peruano. Enquanto ditos ‘Marxistas-Leninistas’ rechaçam as falsidades sobre as figuras antes citadas e condenam vigorosamente a propaganda da reação, aceitam cegamente quaisquer alegações inventadas pelo imperialismo americano e pelo velho estado Peruano acerca do Presidente Gonzalo.

Será apresentado não só uma réplica com objetivo de desmentir as farsas da reação, mas também reforçar as contribuições objetivas, práticas e teóricas do Partido Comunista do Peru e do Presidente Gonzalo.

Para compreender a revolução no Peru e o Pensamento Gonzalo, é necessário entender a situação em que o Movimento Comunista Internacional se encontrava. Após a morte do Camarada Stalin, importante dirigente teórico e prático do Movimento Comunista Internacional, em seu país, houve o processo da restauração capitalista. A União Soviética sofreu com um golpe reacionário que se consolidaria no XX Congresso do PCUS, comandada pelo revisionista Kruschov, imputaram ao Camarada Stalin diversos crimes enquanto fortaleceram ideais pacifistas, conciliadores e burgueses enquanto destruiriam o programa comunista.

Tal traição às massas oprimidas de todo o mundo teve firme resposta, com a liderança de Mao Tsé-Tung na China e de Enver Hoxha na Albânia defendendo firmemente o marxismo-leninismo, o Camarada Stalin e desmascarando e expondo a postura social-imperialista, reacionária e revisionista da U.R.S.S. Após a Grande Revolução Cultural Proletária e uma luta feroz travada contra o revisionismo no Partido Comunista da China, o Presidente Mao Tsé-Tung faleceu e foi sucedido por Hua Kuo-feng e Teng Siao-ping, que também realizaram um golpe reacionário contra o povo chinês.

O processo de restauração do capitalismo chinês ocorreu de forma mais abrupta do que na U.R.S.S, com o assassinato e prisão de revolucionários e importantes quadros do partido, além de ‘’reformas’’ que atraíram o capital estrangeiro e suas empresas, as quais exploraram incessantemente o povo chinês. A ditadura social-fascista logo entrou em coro com o imperialismo ianque e reproduziu seu próprio social-imperialismo, com um golpe fatal ao M.C.I, que agora carecia de liderança, estando dividido entre revisionistas e dogmato-revisionistas (a ‘linha albanesa.’)

Porém, a influência da GRCP e dos grandes êxitos da Revolução Chinesa, influenciaram partidos e organizações em todo mundo, que adotaram o ‘’pensamento Mao Tsetung’’ ou o ‘’maoismo’’. A definição do maoismo como nova, terceira e superior etapa da ideologia do proletariado internacional, é o principal aporte de validez universal do Presidente Gonzalo. Sua definição e estabelecimento, enquanto grande salto nas três partes constitutivas do marxismo como unidade, era uma necessidade histórica, que foi formulada pelo Presidente Gonzalo, chefatura do PCP, em meio da Guerra Popular Prolongada no Peru.

O maoismo é o marxismo de hoje, definido pelo Presidente Gonzalo como a “elevação do marxismo-leninismo a uma terceira, nova e superior etapa na luta pela direção proletária na revolução democrática, o desenvolvimento da construção do socialismo e a continuação da revolução sob a ditadura do proletariado como revolução cultural proletária; quando o imperialismo aprofunda sua decomposição e a revolução tornou-se a tendência principal da história, em meio às mais complexas e grandes guerras vistas até hoje e da luta implacável contra o revisionismo contemporâneo.”

A Guerra Popular Prolongada no Peru em resposta a formidável crise no capitalismo burocrático e semi-feudal, extremamente presente na América Latina, à ditadura brutal e fascista de Fujimori, que cometeu inúmeros crimes contra o povo, em tentativas intensas de extermínios marcadas por incontáveis massacres e supressões populares, se converteu no centro da Revolução Proletária Mundial, que inspirou e uniu forças às lutas que foram e são travadas na Turquia, Filipinas, Índia e Nepal.

Compreendendo as contribuições teóricas e objetivas do Presidente Gonzalo e do Partido Comunista do Peru ao Marxismo e ao M.C.I, há também de se reconhecer o trabalho prático e libertador que foi travado em conjunto às massas peruanas. O partido esteve presente em diversas frentes, não só no apoio de libertação ao campesinato, mas nos operários de fábricas, junto aos professores, na libertação do povo indígena peruano e principalmente somou forças intensas à luta e libertação feminina através do Movimento Feminino Popular. Em um país que atravessava uma mais profunda crise social e crimes contra o povo, a Revolução Peruana iniciou a construção da República Popular do Peru — uma nova democracia e uma sociedade de novo tipo.

Entretanto, apesar dos diversos triunfos nacionais e internacionais, da intensa mobilização e organização de massas no Peru, ainda há um certo desdém a sua figura em muitos círculos ‘’de esquerda’’ no Brasil e no mundo. Assim como qualquer liderança revolucionária, sua história foi recheada de mitos e inverdades, que foram reproduzidas pelo Estado Peruano e sua ‘Comissão de Verdade e Reconciliação’, uma ‘fonte’ reacionária que é aceita surpreendentemente por diversos comunistas.

Arte: YungBlackMaoist

A propagação de diversas informações errôneas é comum, entre elas, principalmente, Lucanamarca. Primeiro, para compreender o ocorrido, é necessário entender e lembrar de qualquer processo histórico revolucionário, especialmente as revoluções socialistas. Em qualquer revolução, há a violência revolucionária, isto é um fato histórico que nunca se alterou. Para o rompimento das bases estruturais do velho e para a construção do novo, seja na França em 1789 ou na Rússia em 1917, houve o derramamento de sangue. No processo revolucionário, os inimigos, colaboradores do antigo regime e traidores da revolução, são combatidos de todos os meios, inclusive através de ações armadas.

Quando lembramos de qualquer revolução socialista, seja ela a Chinesa, Albanesa, Russa, entre muitas outras, elas estão sempre destacadas na imprensa burguesa por seus excessos e desvios. Obviamente, em um processo caótico e em uma batalha de vida ou morte, ocorrem diversos desastres e profundos erros que devem ser criticados. É um consenso que nenhum destes eventos desmereceu completamente ou anulou os enormes triunfos e progressos desencadeados pelas revoluções do passado, por quê então a Revolução Peruana e seus dirigentes receberam tal tratamento?

Os líderes revolucionários do passado, sem exceção, cometeram erros, mas através de uma análise profunda de seus atos e contribuições, muitos conseguem os ‘perdoar’, compreendendo as condições materiais, o contexto histórico e desmistificando a história das lideranças. Mas, ao Presidente Gonzalo, muitos não pensam duas vezes antes de iguala-o à figuras fascistas, acreditando fielmente nas mais podres mentiras ianques e reacionárias diante do mesmo, rejeitando qualquer análise crítica dos acontecimentos.

A ‘’compreensão’’ (que na verdade, é falta dela) de muitos sobre o Presidente Gonzalo, é a mesma que é repetida contra a figura de Lenin, Stalin e Mao. Entendem que estes eram ‘tiranos totalitários’ cujo poder era supremo e que tomavam qualquer decisão de forma autocrática, sem nenhuma consulta ao partido ou apoio das massas, com erros inexcusáveis que foram completamente sua culpa, enquanto, suas contribuições, seriam resultado de outros inúmeros fatores e por isto eles deveriam ser odiados.

Outra grande acusação, que irei tocar brevemente, é a ideia de ‘terrorismo’, que é risível. O terror revolucionário sempre foi parte de qualquer processo, que marcou qualquer insurreição dos oprimidos contra seus opressores. Este ‘terror’ foi direcionado à burguesia, aos fascistas, seus simpatizantes e outros elementos contrarrevolucionários. Mas, eis a questão, que grupo revolucionário não foi taxado de ‘terrorista’ pelas forças reacionárias que os combatiam? Os revisionistas aparentemente amam repetir tudo que a reação diz.

Entre diversas ‘fake news’ espalhadas contra o PCP, destaca-se a questão da homofobia. Sem fundamentos, são lançadas acusações contra o partido, que na verdade, além de ignorar à situação do proletariado queer no Peru e a norma social da época, confunde o posicionamento do PCP com o do MRTA (Movimento Revolucionário Tupac Amaru.) O MRTA teve uma trajetória abertamente homofóbica, grupo armado que teve financiamento e apoio dos revisionistas cubanos, comparando homossexuais à criminosos e promovendo seu assassinato em notas oficiais.

Observações de organizações independentes, apontaram dois importantes fatos — o PCP nunca teve os gays como foco de nenhum ataque e sempre se responsabilizou por seus atos. Em 1994, o próprio partido se pronunciou e relatou que “É provável que o PCP tenha executado um homossexual, mas tenham certeza de que isso não foi feito pela sua orientação sexual, mas pela sua posição contra a revolução (…)”, que “não ataca, calunia nem discrimina ninguém em razão da sua orientação sexual” e que “a associação ao partido está aberta para todos aqueles que apoiam a causa da revolução comunista e os princípios do marxismo-leninismo-maoísmo, Pensamento Gonzalo, independentemente de sua preferência sexual.”

O Partido Comunista das Filipinas, Marxista-Leninista-Maoísta, é reconhecido internacionalmente por sua postura extremamente progressista diante da questão LGBTQIA+, realizando o primeiro casamento gay no país.

Contra o Presidente Gonzalo e o Partido Comunista do Peru, como a nenhum outro, que o imperialismo e a reação lançaram sua mais feroz investida nos últimos anos. Em resposta à isso, as organizações democráticas e revolucionárias de todo o mundo iniciaram campanhas para combater tais ataques. Tal reconhecimento de suas contribuições e uma implacável defesa da sua chefatura são sempre acusadas de ‘cultismo.’

Isso nunca foi algo novo. Acusações de ‘culto à personalidade’ pelos revisionistas vem desde Stalin e Mao, que mesmo rejeitando este culto e realizando diversas críticas (e autocríticas), foram pintados como figuras que se elevaram por conta própria a níveis divinos. Não surpreende que essas acusações cairiam diante a figura do Presidente Gonzalo, afinal, poucos buscam compreender o significado atrás das palavras de ordem, apoio e gritos de guerra.

O conceito da ‘chefatura’ não foi algo ‘inventado’ pelo PCP ou pelos ‘Gonzalistas’. Em contraste ao que é dito, todo verdadeiro comunista compreende que o poder do partido está entre as massas, ele provém delas, não está acima delas. Ele compreende que o apoio às figuras e lideranças revolucionárias surgem no processo estratégico, no centralismo teórico e democrático, que se elevam a um nível prático.

Para compreender o Marxismo-Leninismo-Maoismo, principalmente Maoismo, os aportes universais do Pensamento Gonzalo, entender suas contribuições e rechaçar às mentiras contra sua figura, também é necessário compreender o pensamento-guia. Também, não é um conceito que foi ‘inventado’ pelo PCP, sendo uma necessidade histórica e inevitável de uma revolução. Este, forjado a partir de uma profunda análise das condições materiais em seu país e que compreende as três partes constitutivas do Marxismo (filosofia marxista, economia política marxista e socialismo científico), é apenas o desenvolvimento integral e harmônico desta ideologia científica.

Não faltam obras literárias ou visuais que promovam uma compreensão profunda acerca do Presidente Gonzalo e seu todo-poderoso pensamento. O que resta é a vontade e capacidade de grande parte dos ‘estudiosos’ de se aprofundarem além de seus preconceitos, entenderem as condições sofridas pelo povo peruano, que os mitos espalhados contra Gonzalo também fazem parte da mesma ofensiva imperialista e que o apoio das massas e simpatizantes à sua figura, não provém de feitos ou de sua personalidade, e sim, de sua teoria libertadora, assim como as das outras cinco figuras (Marx, Engels, Lenin, Stalin, Mao) anteriores a ele.

A história não falha, o triunfo das massas é inevitável, assim como o colapso do imperialismo capitalista e seus lacaios diante da Revolução Proletária Mundial.

Viva a Liga Comunista Internacional!

Morte ao imperialismo! Viva a invencível Guerra Popular!

Abaixo ao revisionismo!

Viva ao Partido Comunista do Peru e ao Partido Comunista do Brasil! (P.C.B.)

Viva o marxismo-leninismo-maoismo, principalmente maoismo, com os aportes de validez universal do Presidente Gonzalo!

Fontes:

BORJA, Luis Arce (org.). Guerra Popular En El Peru: Pensamiento Gonzalo.

BORJA, Luis Arce. Memoria de una guerra: Perú 1980–2000.

PCP Responds to Allegations of Gay Persecution https://www.prisonlegalnews.org/news/1994/mar/15/pcp-responds-to-allegations-of-gay-persecution/

O CAMINHO da Guerra Popular no Peru após a captura do CC. A Nova Democracia, Rio de Janeiro

MOVIMENTO REVOLUCIONÁRIO INTERNACIONALISTA. Viva o Marxismo-Leninismo-Maoismo!. A World to Win, [s. l.], 26 nov. 1993

GUERRAS Populares ao redor do mundo: Comunistas apontam o caminho aos povos do mundo. A Nova Democracia, Rio de Janeiro, n. 198, 14 out. 2017

A China imperialista: alguns dados sobre seus monopólios, sua exportação de capital e suas iniciativas de repartição do mundo. ln: Coletivo Cem Flores. [S.l.]. 9 out. 2020

SISON, Jose Ma. Grandes conquistas do Partido Comunista das Filipinas em 50 anos de luta revolucionária. ln: União Reconstrução Comunista. Nova Cultura. Brasil, 23 dez. 2018

O Partido Comunista do Peru e a Revolução Democrática de Novo Tipo (Documentário Legendado) — https://www.youtube.com/watch?v=Ap-U8s8Q2-M

O problema camponês e a Revolução (Partido Comunista do Peru, 1976): https://serviraopovo.wordpress.com/20...

Revolução Democrática (Partido Comunista do Peru, 1988): https://serviraopovo.wordpress.com/20...

Sobre o marxismo-leninismo-maoísmo (Partido Comunista do Peru): https://serviraopovo.wordpress.com/20...

Acerca do pensamento gonzalo (Presidente Gonzalo, 1988): https://serviraopovo.wordpress.com/20...

https://libgen.is/book/index.php?md5=8C0A0B207B10AE189871370D7A36A8C2

https://bandeiravermelhabr.wordpress.com/2022/01/18/assim-morrem-os-inimigos-da-classe-lucanamarca-1983-e-violencia-revolucionaria-de-struggle-sessions/

http://www.eldiariointernacional.com/spip.php?article3674

http://www.eldiariointernacional.com/spip.php?article4374

http://www.eldiariointernacional.com/spip.php?article4424

https://aquihadragoespodcast.wordpress.com/2023/12/25/raucana-o-comite-popular-de-lima/

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